Duda Mendonça, marqueteiro que ajudou a eleger o ex-presidente Lula e cobrou milhões na época pela campanha, trabalhou de graça em 2011 promovendo a divisão do Pará. O hoje réu no julgamento do suposto esquema do mensalão, era a favor da criação de dois novos Estados, Carajás e Tapajós, e fez várias peças publicitárias sem cobrar nada. A campanha durou três meses e, em dezembro, os paraenses fizeram um plebiscito e decidiram pela não divisão do Estado.
Baiano, Mendonça tem um bom relacionamento com figuras da política paraense. É dono de fazendas na região de Carajás e um dos financiadores das famosas vaquejadas - competições nas quais vaqueiros precisam emparelhar bois em locais demarcados.
O trabalho publicitário pró-divisão de Mendonça usou técnicas semelhantes às colocadas em prática na campanha do ex-presidente Lula à Presidência da República, em 2002. O marqueteiro é especialista em peças que apelam para a emoção, usando músicas com refrões que "grudam" na cabeça dos eleitores.
O gênero musical escolhido para o jingle da divisão do Pará foi o sertanejo. O refrão reforçava "Diga Sim para os três Estados. Diga Sim para a união”. Mendonça usou também cartazes em verde-amarelo que associavam os novos Estados a mais "segurança, trabalho, saúde e justiça".
“Proximidade com o tema”
Os deputados paraenses que lideraram a frente parlamentar sobre a divisão do Estado, Giovanni Queiroz (PDT) e João Salame (PPS), afirmaram, na época, que a decisão de Mendonça por fazer a campanha sem custos foi exclusivamente por sua "proximidade com o tema" e não por interesses relacionados às fazendas que tem na região.
O convite para o trabalho teria sido feito por amigos que ele fez nas vaquejadas. Pela campanha, o marqueteiro recebeu da Câmara Municipal de Xinguara (a 850 km de Belém, localizada onde seria o Estado de Carajás) o título de cidadão xinguarense.
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